segunda-feira, 29 de abril de 2013

Alex e Ronaldo.
O futebol e suas surpresas

 

Menino de ouro e Fenômeno: carreiras brilhantes e opostas


Alex - Alexsandro de Souza - o 'Menino de ouro'. Meia clássico, canhoto, criado no Coritiba. Passagens de sucesso por Palmeiras e Cruzeiro e grande destaque no Fenerbahçe, da Turquia. Hoje, de volta ao time paranaense.

Ronaldo - Ronaldo Luís Nazário de Lima - o 'Fenômeno'. Atacante genial lançado ao futebol pelo Cruzeiro. Vendido ao PSV, da Holanda, e melhor jogador do mundo em temporadas vitoriosas entre gigantes europeus, como Barcelona, Inter de Milão, Real Madrid e Milan, além de grande sucesso no Corinthians.

Dois grandes nomes do futebol brasileiro. Dois talentos que tiveram caminhos distintos. Diferentes em tudo, desde a ida ao Velho Continente e sua adaptação, até as respectivas passagens pela Seleção Brasileira.

Alex e Ronaldo não devem ser comparados, afinal, não jogaram sequer na mesma posição. Mas uma informação que me passava despercebida chamou minha atenção. Em entrevista ao Lance!, o meia do Coxa revelou já ter quase 400 gols na carreira. Na hora, me lembrei que Ronaldo, apesar da carreira fantástica, não tinha chegado a esse número. Fui, então, conferir. E a conclusão me surpreendeu!

Alex tem, até o momento, 384 gols. Deve ultrapassar os 400 gols, já que atuará por pelo menos mais um ano. E vem em grande forma no Coritiba. Já Ronaldo, maior artilheiro da história das Copas do Mundo, chega a "apenas" 352. O dado, por si só, é estranho. Afinal, Alex é um meia que, apesar de sempre ter feito muitos gols, tem como principal função as armações de jogadas.

Busquei, então, as informações mais completas para fazer uma média de gols. Para sermos justos - e como era previsível - a média do 'Fenômeno' é realmente maior. O R9 fez, em toda sua carreira, 615 jogos. Traz consigo uma média de 0,57 gol por jogo. Alex jogou muito mais - em quantidade. Fez 932 partidas, com uma média de 0,41 gol/jogo. Para mim, essa diferença permanece pequena para a toda a repercussão dos dois jogadores.

Explicações existem aos montes. Primeiro, Ronaldo jogou relativamente pouco na carreira. Foi prejudicado por inúmeras lesões sérias, principalmente nos joelhos. É um dos grandes exemplos de superação e chegou ao título mundial com a Seleção em 2002 após longo processo de recuperação. Essa informação é determinante para essa comparação.

A média de Ronaldo é impressionante, principalmente no seu auge. Manteve quase um gol por jogo em Cruzeiro, PSV e Barcelona. Viu esses números cairem um pouco na Inter e no Real. Mas o que diminuiu, e muito, a média final foram as passagens por Milan (9 gols) e Corinthians (35), já com sérios problemas físicos.

Alex jogou na Turquia. O que, na teoria, facilita o grande número de gols. Apenas na teoria. Lá, fez 172 dos seus tentos. Mas teve ótimos números em Cruzeiro (64) e Palmeiras (78) também. Mesmo como meio-campista, foi artilheiro da campeonato turco por duas vezes. Foi goleador da Copa da Turquia e brigou até pela artilharia do Brasileiro de 2003, quando o Cruzeiro deu show.

Alex e Ronaldo foram brilhantes. Cada um do seu jeito. R9 foi realmente um fenômeno, eleito melhor do mundo em três oportunidades. Alex, um legítimo menino de ouro, que se tornou um dos grandes homens do futebol brasileiro. Mas o que realmente difere a carreira dos dois é a Seleção Brasileira. Enquanto Ronaldo brilhou, com 62 gols, duas Copa do Mundo (uma como protagonista) e duas Copas Américas, Alex não foi tão bem. Nas oportunidades que teve, o meia oscilou atuações de gala e outras abaixo da média.

Alex tem Libertadores, Ronaldo não. Ronaldo tem Copa do Mundo, Alex não. Alex tem Brasileirão, Ronaldo não. Ronaldo tem Mundial de Clubes, Alex não. Carreiras opostas e vitoriosas, com peculiaridades e muitas conquistas.

A grande injustiça disso tudo, eu não tenho dúvidas: Alex não ter jogado uma única Copa do Mundo. Em especial, a de 2002. Depois de anos de trabalho com Felipão, era a sua Copa. Ao menos para estar no grupo. A convocação de Ricardinho, após corte de Emerson, não foi engolida pelo meia. E creio que por nenhum brasileiro. Erro histórico e irreparável!

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