Palmeirenses agradecem apoio incondicional (Foto: Eduardo Viana/LANCE!Press) |
Cabeça de torcedor é simples. Ele precisa se sentir parte importante do processo. Precisa sentir que está envolvido em uma causa em que valha a pena lutar. Que seu time mereça o seu apoio. Não tem segredo.
O Palmeiras de ontem é um exemplo. Sem seus poucos jogadores de destaque (Valdívia, Wesley, Henrique, Kléber, Maykon Leite e companhia), o Verdão foi a campo com um time praticamente reserva.
E aí junta rebaixamento, goleada, má fase, escassez de ídolos e uma legião de desfalques, azar... e mesmo assim 20 mil torcedores estiveram no Pacaembu para empurrar o time contra os desleais argentinos do Tigre pela Libertadores. E aposto que valeu cada centavo gasto com o ingresso, cada minuto despendido para ir ao estádio.
O atual Palmeiras é fraco. Sem criatividade, sem qualidade individual, sem referência. É fraco, tem consciência e usou isso a seu favor. O futebol apresentado, baseado na raça, ontem fez o torcedor se animar. Seja na arquibancada, seja em casa pela TV, os alviverdes viram um time vibrante, dividindo todas as bolas, ganhando na força e na vontade. E não tem como a torcida ficar alheia a essa entrega dos jogadores.
Limitados ou não, representam a torcida. São eles ali dentro de campo, representados pelos 11 de verde. Dava para ver na cara do garoto Vinicius, destaque do jogo, que era um torcedor em campo. Cada jogada, cada atleta, mostrava isso. Um carrinho do também jovem Caio para recuperar a bola na jogada do primeiro gol, uma desarme do Marcelo Oliveira, uma bola chutada para a arquibancada...
Futebol é simples e complexo ao mesmo tempo. Em 2012, o Inter montou um time galáctico e que não mereceu o apoio dos colorados. Faltava vontade, faltava alma. Os são-paulinos exaltam até hoje o raçudo Lugano, após terem vaiado Kaká. Um time desse do Palmeiras, absurdamente inferior, empolga mais a sua torcida. No futebol, time e torcida têm que estar juntos. E sentirem isso. O Verdão, ontem, conseguiu isso.
É um apoio que chega até a ser caricato. Está ali um time fraco, brigador, e que vai seguindo, aos trancos e barrancos. Consegue se equiparar aos rivais, que investiram milhões, apenas com garotos. E quem garante que, mais adiante, não possa eliminar o Corinthians, o São Paulo? Talvez o futebol seja o único esporte em que não dá para cravar o que, em outras modalidades, seria uma barbada.
E o melhor: o torcedor não precisa de muito. Se tiver craques bancados pela Parmalat, melhor. Mas ele precisa sentir que está jogando, que faz parte daquele grupo. Como inspira o hino, a "linha atacante de raça" motiva a "torcida que canta e vibra". E aí o torcedor verá Charles, Weldinho e Márcio Araújo tocarem a bola e gritará ‘Olé’. Eis o futebol, amigos... eis o futebol!
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PS: após dois anos e meio, volto a postar nesse blog. Nesse meio tempo, muita coisa aconteceu. 'O Mundo é uma Bola' apareceu como nome de uns dois ou três blogs por aí, virou título de música do Gusttavo Lima, entre outras coisas, para ficar apenas nas coincidências do nome do blog. Até a imagem ficou defasada, já que é de quando Kaká estava entre os melhores do mundo. Mas é um recomeço e conto com a visita de todos, que antes aqui adentravam e os que possam vir a gostar do tema e do conteúdo. Sejam todos bem-vindos!
Um comentário:
Muito bom t texto João. Parabéns. Quem convive com uma "Palmeirense roxa" sabe o que escreve!
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