quinta-feira, 6 de maio de 2010

Libertadores não tem lógica

O discurso, independente do clube, é o mesmo: “Libertadores é diferente”. De fato, o torneio sul-americano tem lá suas peculiaridades. A maior delas é o fato de nem sempre o melhor vencer. Claro que o formato mata-mata, o peso do gol fora de casa e tantos outros ingredientes temperam a competição, mas não conseguem defini-la com exatidão.

O Corinthians sofreu deste veneno. Time por time, foi muito superior ao Flamengo. No primeiro tempo fez 2x0. Mas poderia ter sido muito mais. Dentinho e Ronaldo desperdiçaram chances, que no futuro se mostrariam fatais. O placar daria a classificação aos paulistas, mas soou pequeno diante do que o Timão fez em campo.

Na volta, Kleberson acertou o Flamengo. Os cariocas iniciaram a partida perdidos e os dois gols de desvantagem passaram a ser motivo de comemoração, porque foi pouco diante do produzido. Em quatro minutos, porém, o rubro-negro tomou a vantagem novamente a seu favor, com gol de Vágner Love.

A partir daí, o que se viu foi o desespero típico de mata-mata por parte do Corinthians, além da retranca e o contra-ataque flamenguistas. E emoção de sobra. Mano Menezes mexeu mal, tirou o eficiente Elias e gastou suas alterações para consertá-la. Chicão assustou em duas cobranças de falta, com Bruno salvando o Mengão. Mas a vaga tinha realmente escapado das mãos corintianas.

Injusto, disseram uns. Previsível, disseram outros. Alguns sugeriam que o Timão deveria ter entregue o último jogo da chave de grupo e fugido do confronto caseiro. O sonho da Libertadores em seu centenário acabou prematuramente, mesmo depois da melhor campanha da competição.
O Corinthians sai da competição sul-americana com seis vitórias, um empate e uma única derrota. Derrota esta por mísero 1x0. E o gol foi de pênalti. Foram 11 gols a favor e apenas 5 contra. A campanha foi ótima, o futebol nem tanto. Mas o principal disso tudo é que o mata-mata não tolera vacilos.
O primeiro jogo, com um a mais durante todo o segundo tempo no Maracanã. Faltou ousadia, vontade de matar o confronto na casa do adversário. Depois, o placar não tão avantajado após uma primeira etapa primorosa no Pacaembu. As chances perdidas poderiam ter se tornado uma goleada e a garantia de classificação. O que não aconteceu!

A Fiel sofreu, cantou, deu um show. Mas no fim, a declaração do presidente Andrés Sanches resumiu bem o que é disputar um torneio deste calibre: “Para ganhar a Libertadores, nós temos de jogar mais vezes. Temos de nos acostumar a disputar o torneio”, explicou o mandatário corintiano, já sonhando com o retorno à competição em 2011.
E não duvidem do Flamengo, que se classificou com a pior campanha da Libertadores. Os cariocas podem ganhar moral, crescer na hora certa e, por que não, ganhar a competição. Afinal, a Libertadores é diferente. Não tem lógica!

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